terça-feira, 19 de julho de 2016

O gênio de nada

Rostos revoltos
Apressados para nascer
Espelhos da ausência
São os teus olhos que olham e não vê
A convicção ilusória que se fixa em tua cabeça
A condição terrível de sua natureza
E no final tu vês tua sombra presa na parede
E no final tu queres desfazer de tua sombra e não pode

O gênio do nada
Não se permite ver
Teu corpo são palavras
Que em sua mente não para de crescer

A pressão decisiva que pesa sobre tuas pernas
A fragilidade das versões que alimentas
E no final tu vês tua sombra presa na parede
E no final tu queres desfazer de tua sombra e não pode

O terror já sentou-se para jantar em tua mesa
Até que caia e desligue sua vergonha
Te pesa
E no final tu vês tua sombra presa na parede
E no final tu queres desfazer de tua sombra e não pode

E no final me vês como alimento de teu erro
Que te faz chorar por não lavar os pecados de teu mar


Não lavar seus pecados em seu mar.