quinta-feira, 29 de março de 2018

Inimigo eu, devorador de pecados

Qual suicídio, com pedras nos bolsos deixei afundar de uma vez 

O retrato em que pintei minhas dores com o próprio sangue que dissolvi em mil lágrimas de ódio e com pincéis que fiz de meus dissabores.


Escuro breu me diz que agora vai saciar pra sempre o que jamais se satisfaz.

É o inimigo eu sei, e por ser tão ruim, me salva de minhas próprias injurias


Refugio ingrato, apunhala de vez

esta crença maldita que me rasga as vísceras clamando vingança,

por tudo aquilo que passou,

por toda mágoa e rancor,

qual adagas, cravadas em sua couraça.


Tal corpo fraco insiste em me suspender sobre memórias de não sei bem quem.

É o inimigo eu sei, e por ser tão ruim, me salva de minhas próprias injurias.


Deixo-te escorrer com a água imunda que caminha em direção ao final, nas bocas perdidas.

E calado, abandono em ti as quimeras que, tolo, agarrei qual abraço que me preendeu a vida.


Expressão pálida me deixa respirar e busca teu algoz em qualquer outro lar.

É o inimigo eu sei, e por ser tão ruim, me salva de minhas próprias injurias.


É o inimigo, eu sei quem sou