quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Vinde a mim (Dance of Days)

O sol que aquece meu corpo ofusca
meu olhar, mas não mais o temo.

Agora sei que meus passos no escuro
enfim me levaram além do mito que em dias que pensei estar tão certo

me fez sangrar por meus olhos ao não ver nada além do medo e da dor.

"Pobre criança te ajoelhes e chores por crimes
que nunca imaginou ter cometido.

Peça o perdão pagão e vinde aos braços que te aguardam pra
roubar-te a inocência e dar-te a dor da angústia e da
incerteza".

Tantas vezes pensei andar em plumas
tropeçando sobre brasa e lanças
e ouvi tua voz dizer que um dia iria ter
a paz que sei,
nunca guardaste pra mim.

E ouvi teus profetas a me dizer que não há fim em tua bondade

caminhando entre a peste que corrói teus filhos
e o olhar faminto e sem vida dos que beijam teus pés.

Não posso mais tocar-te porque deixei de crer em teus brados heroicos.
Adeus, agora que sei que nas mais altas montanhas

o vento é bem mais forte
e tua sombra não mais queima
quem ousa te olhar nos olhos
e ver que teus castelos são de areia

e que não há nada além de tinta
e sangue em tuas
escrituras.

sábado, 10 de outubro de 2015

Horizontes de Outono (Dance of Days)

Cada vez que te encontro
eu me perco em devaneios
na embarcação que me leva sem destino
ao oceano destes dias
em que avistei tantos portos
que meu diário de bordo
é incapaz de saber dizer
quanto tempo faz que eu nem sei se eu...
Eu nem sei se vou saber mais voltar.

Meu encanto se foi com o vento
e partiu-se em pétalas
que dançam ao redor de teu farol
a implorar pelo apreço de teu olhar
quando o orvalho em que minha nau navega
não pode mais esconder
ser das lágrimas dos anos que perdemos
mudando nossos rumos
e rasgando nossas velas
pra prosseguir a esmo.

E é fato que não sabemos
se voltaríamos a encontrar
o que deixamos o tempo ruir
fechando os olhos
mas mesmo assim eu...
mesmo assim eu... queria tentar.

Náufrago com o corpo cansado
no breu aguardo a tempestade
decidir se me atira outra vez as tuas praias
ou se enfim me leva às rochas
pra descansar.

E é tudo tão covarde...
deixar morrer as chances
por medo que barcos de papel não suportem
as cargas clandestinas
que fingimos não acumular com o tempo...

E é tudo tão impossível
que ateamos fogo nos remos.